sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Tempo

Tempo

Estive perto
Há três segundos
No limite entre o distante e o junto
No entremeio do passado com o futuro
Em que o agora se faz presente
Tão fora quanto ora está o ausente

Vai-te viajante do tempo
Sob as intempéries da pedreguenta estrada
Vai-te logo à procura de bom abrigo
Na imensidão da noite enluarada
Onde moram os espíritos mordazes
Que a tudo fazer são capazes
Até espoliar-te de amigos

Já o carma ancorou-me
Nessa marina de águas turmalinas
E passeia pelo cais, incauto
Ignorante do real cadafalso
Mimetizado em alheias armadilhas

O tempo balança a libra dos justos
Pende ora para lá, ora para cá
Ignorando as horas, na verdade engolindo-as
Enquanto deixa atrás de si os rastros
Que carregamos com a força dos braços
Para que se possa registrar a história


Anto 29/05/08

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Quieto

Quieto

Posso ouvir teus passos
A chegar-se manso,
Instalar-se
E aquietar-se nas horas de encanto
Saboreando de olhos fechados
O gosto de maresia
Aninhado
Sereno e isolado
Sem querer dividir pensamento
Nem compartilhar do sorriso leve
Que te brota feliz na doce face.


Anto 20/10/08

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Belas pernas - a missão

Belas pernas - a missão

Pois estávamos nós duas novamente em nossa costumeira voltinha pelo Higi.
Minha amiga, às compras, carregando-me à tira-colo como sua assessora de moda particular. Não entendo bem o motivo já que nossos gostos são completamente diferentes. Segundo a própria, faz o estilo hippongo-moderno e eu, já mais clássica, olhando com muitas reservas qualquer comprimento que se mostre acima dos joelhos. Roupa justa, nunca. Barriga de fora, nem pensar. E total comedimento pra não parecer nem Hebe, nem Xuxa e nem a linda Gisele, já que as roupas de Gisele só ficam bem em Gisele.
Discutindo um detalhezinho de logística, paradas num determinado ponto ao pé da escada rolante, vejo Mirela acenando e sorrindo para alguém.
Quando virei-me, achei que estava tendo uma miragem, mas daquelas ruins.
O tal cara da pior cantada dos últimos tempos (vide arquivo do blog - Belas Pernas – parte I). Meu Deus!
O sujeito materializou-se na nossa frente e veio nos cumprimentar com beijinhos como se íntimo fosse.
Quis ser simpática e perguntei-lhe pelo amigo. Recebi em troca um resposta bem antipática.
- Amigo não, sócio!
Ok, não está mais aqui quem perguntou.
Aliás, ultimamente, não tenho dito coisas muito boas ou muito coerentes. Ou melhor, não tenho sido bem interpretada. Ou ainda, não tenho conseguido fazer-me entender. Enfim... um pequeno problema de comunicação, deixa pra lá.
E a propósito dos nossos foras habituais minha amiga lembrou de um personagem do seriado Friends que falava as maiores besteiras e justificava não conseguir controlar o que lhe saía pela boca.
Pois é essa a sensação que tenho, descontrole total. Eu me lembraria de não perder a grande oportunidade de ficar calada se não fosse assim meio desmemoriada.
Mas voltando à vaca fria. Conseguimos despistar o fulano que só mais tarde vimos sentado na praça de alimentação, em companhia de duas mulheres. Sabe-se lá, as novas belas pernas do pedaço.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

24 toques para ser mais feliz

24 toques para ser mais feliz.

01 - Seja ético. A vitória que vale a pena é a que aumenta sua dignidade e reafirma valores profundos. Pisar nos outros para subir desperta o desejo de vingança.

02 - Estude sempre e muito. A glória pertence àqueles que têm um trabalho especial para oferecer.

03 - Acredite sempre no amor. Não fomos feitos para a solidão. Se você está sofrendo por amor, está com a pessoa errada ou amando de uma forma ruim para você. Caso tenha se separado,curta a dor, mas se abra para outro amor.

04 - Seja grato(a) a quem participa de suas conquistas. O verdadeiro campeão sabe que as vitórias são alimentadas pelo trabalho em equipe. Agradecer é a melhor maneira de deixar os outros motivados.

05 - Eleve suas expectativas. Pessoas com sonhos grandes obtêm energia para crescer. Os perdedores dizem: "isso não é para nós". Os vencedores pensam em como realizar seu objetivo.

06 - Curta muito a sua companhia. Casamento dá certo para quem não é dependente.

07 - Tenha metas claras. A História da Humanidade é cheia de vidas desperdiçadas: amores que não geram relações enriquecedoras, talentos que não levam carreiras o sucesso, etc. Ter objetivos evita desperdícios de tempo, energia e dinheiro.

08 - Cuide bem do seu corpo. Alimentação, sono e exercício são fundamentais para uma vida saudável. Seu corpo é seu templo. Gostar da gente deixa as portas abertas para os outros gostarem também.

09 - Declare o seu amor. Cada vez mais devemos exercer o nosso direito de buscar o que queremos (sobretudo no amor). Mas atenção: elegância e bom senso são fundamentais.

10 - Amplie os seus relacionamentos profissionais. Os amigos são a melhor referência em crises e a melhor fonte de oportunidades na expansão. Ter bons contatos é essencial em momentos decisivos.

11 - Seja simples. Retire da sua vida tudo o que lhe dá trabalho e preocupação desnecessários.

12 - Não imite o modelo masculino do sucesso. Os homens fizeram sucesso a custa de solidão e da restrição aos sentimentos. O preço tem sido alto: infartos e suicídios. Sem dúvida, temos mais a aprender com as mulheres do que elas conosco. Preserve a sensibilidade feminina - é mais natural e mais criativa.

13 - Tenha um orientador. Viver sem é decidir na neblina, sabendo que o resultado só será conhecido, quando pouco resta a fazer. Procure alguém de confiança, de preferência mais experiente e mais bem sucedido, para lhe orientar nas decisões, caso precise.

14 - Jogue fora o vício da preocupação. Viver tenso e estressado está virando moda. Parece que ser competente e estar de bem com a vida são coisas incompatíveis. Bobagem ... Defina suas metas, conquiste-as e deixe as neuras para quem gosta delas.

15 - O amor é um jogo cooperativo. Se vocês estão juntos é para jogar no mesmo time.

16 - Tenha amigos vencedores. Aproxime-se de pessoas com alegria de viver.

17 - Diga adeus a quem não o(a) merece. Alimentar relacionamentos, que só trazem sofrimento é masoquismo, é atrapalhar sua vida. Não gaste vela com mau defunto. Se você estiver com um marido/mulher que não esteja compartilhando, empreste, venda, alugue, doe... e deixe o espaço livre para um novo amor.

18 - Resolva! A mulher/homem do milênio vai limpar de sua vida as situações e os problemas desnecessários.

19 - Aceite o ritmo do amor. Assim como ninguém vai empolgadíssimo todos os dias para o trabalho, ninguém está sempre no auge da paixão. Cobrar de si e do outro viver nas nuvens é o começo de muita frustração.

20 - Celebre as vitórias. Compartilhe o sucesso, mesmo as pequenas conquistas, com pessoas queridas. Grite, chore, encha-se de energia para os desafios seguintes.

21 - Perdoe! Se você quer continuar com uma pessoa, enterre o passado para viver feliz. Todo mundo erra, a gente também.

22 - Arrisque! O amor não é para covardes. Quem fica a noite em casa sozinho, só terá que decidir que pizza pedir. E o único risco será o de engordar.

23 - Tenha uma vida espiritual. Conversar com Deus é o máximo, especialmente para agradecer. Reze antes de dormir. Faz bem ao sono e a alma. Oração e meditação são fontes de inspiração.

24 - Muita Paz, Harmonia e Amor... sempre!

Roberto Shinyashiki

domingo, 19 de outubro de 2008

Aulas particulares e inundação II


Aulas particulares e inundação II


Resolvi quebrar a história em duas partes pra não ficar muito longa. Mas precisa haver o link pois o segundo tomo aconteceu em consequência do primeiro.

Depois da derradeira aula particular e do definitivo pedido de demissão do nosso professor-aluno, precisávamos encontrar algo para descarregar as energias em ebulição.

Achamos que deveríamos rezar um pouco, nos redimir dos pecados que havíamos cometido. Já que estávamos um andar abaixo da capela, subimos, na tentativa de nos penitenciar com São Bento.

Não me lembro se a capela estava aberta ou trancada, mas uma coisa nos chamou a atenção do lado de fora, um equipamento interessantíssimo chamado hidrante. Dentro da portinhola de vidro, aquela mangueira enrolada foi um convite para nossa curiosidade científica.

Opa, o hidrante não estava trancado e assim tivemos livre acesso a ele. Dessa vez, movidas pelo impulso incontrolável de dezenas de pequenos súcubos (ai meu Pai, perdão!), desenrolamos a tal mangueira inteirinha e ainda abrimos o registro.

Tivemos medo (claro) da pressão, por isso a cautela de não abrir demais, apenas o suficiente para ver um fio de água começar a escorrer pela escadarias.
Descemos em silêncio. Na manhã seguinte, fomos surpreendidos com a visita do diretor e de um professor na sala de aula. Vieram dar a notícia que o colégio havia sido inundado por “vândalos”. No período noturno funcionava a faculdade Tibiriçá nas dependências do colégio e foram eles a sofrer as consequências da nossa traquinagem.

Feitas as devidas ameaças de suspensão, expulsão, etc à nossa classe e ao restante do colégio, começou o burburinho e especulações sobre quem teria feito o tal vandalismo. Muitos dedos apontaram para Renato, considerado aluno-problema e que, por coincidência, estudava na nossa sala. Ele ficou quieto e nós também.

Dias depois, o colégio encontrava-se em uma calmaria insuportável. Os hormônios em ebulição, aquele desejo por novidades, as aulas vespertinas entremeadas por horas de inatividade. Cristina e eu subimos novamente ao andar da capela. Só pra conferir o hidrante que depois do incidente devia estar muito bem trancado das mãos dos alunos. Só pra conferir… e não estava!

Novamente atentadas… Sem pestanejar desenrolamos a mangueira e abrimos o registro, como da primeira vez. Saímos correndo escadaria abaixo, os corações disparados pela adrenalina. Chegamos ao térreo sem sermos vistas, pegamos nossas coisas e partimos para a rua e para a segurança de nossas casas.

Na manhã seguinte, o professor Vasco entrou na sala como um furação. Ele espumava, berrava, socava a mesa. O responsável, ou responsáveis seriam expulsos do colégio, blá, blá blá… Acabada a ladainha, ele sai bufando e a classe toda vira-se pra o fundão, onde Renato está sentado, incólume, com a consciência tranquila.

- Fala Renato, foi você!

- Euuuuuu?

E de tanto especularem, Renato acabou gostando da projeção que teve sem querer e nunca negou o fato. Por isso não tivemos o menor peso na consciência que a culpa tenha recaído sobre ele. Calou-se e quem cala, consente.

Quanto a nós, meninas de família e acima de qualquer suspeita, levamos esse segredo cada uma para nossas vidas particulares. E hoje, depois de mais de vinte anos em que estivemos perdidas uma da outra, podemos finalmente divulgar essas artes.

Ah, claro, embora a tentação fosse grande, achamos prudente não repetir uma terceira vez. Temos certeza que o professor Vasco deve ter ficado dias e dias de plantão para ver se pegava alguém em flagrante.

Aulas particulares e inundação I

Aulas particulares e inundação I

Voltando alguns anos, início da década de 80 (já deu pra perceber o quanto sou saudosista?), uma adolescência que passou rápida para todo mundo, hoje está bem fresca e presente na minha memória, pois tenho a sorte de poder relembrá-la todos os dias com pessoas queridas que conheci naqueles tempos.

Então, além das lembranças, vamos às confissões. Tá curioso/a?
Quem estudou no São Bento deve se lembrar de um colégio tradicional, naquele tempo recém admitindo a matrícula de mulheres (até 70 e poucos era um colégio só para meninos) e por isso mesmo as meninas eram poucas e disputadas entre os rapazes por meio de apostas.
Bom, não vou entrar em detalhes sobre isso porque não vem ao caso aqui.
O que eu quero é fazer um relato confitente. Mea culpa! Mea culpa e de Cristina também.
Quando o Papa esteve aqui no ano passado e ficou hospedado no São Bento, fiquei lembrando de algumas passagens que vivemos lá dentro daqueles corredores que conheciamos tão bem.
Revi pela tv os jardins que admirávamos dos janelões que davam para o páteo interno da residência dos padres. Era um jardim de passagem, contemplação e oração, com suas flores e gatinhos. As meninas eram proibidas de entrarem lá, assim como na clausura. Só nos restava espiar pelas janelas ou através das frestas dos portões sempre trancados. Víamos o varal improvisado nas janelas dos quartos dos padres, secando os cuecões samba-canção.
Acho que admitir mulheres causou muito rebuliço no colégio.
Éramos na maioria meninas de família e também uma ou outra de natureza mais avançada que se destacavam entre os alunos.
Logo no primeiro dia de aula no novo colégio conheci Cristina.
Ficamos amigas e não nos desgrudávamos. Éramos ambas meninas de família e por isso mesmo, acima de qualquer suspeita.
Depois do terceiro ano na mesma classe, já nos sentíamos entediadas e sempre que podíamos aprontávamos alguma.
Tudo começou quando inventamos que precisávamos de aulas particulares em física. Bom, realmente precisávamos, mas resolvemos contratar como professor um aluno cdf da outra classe. Ele, com muito boa-vontade concordou em nos dar aulas durante os intervalos do horário da tarde. Naquele tempo ficávamos o dia todo no colégio, três vezes por semana e tinhamos bastante tempo ocioso por lá.
O local escolhido para essas aulas foram as escadarias do último andar da torre que dá acesso à capela do colégio, aquela onde o Papa foi rezar a missa para os beneditinos.
As aulas começavam assim:
- Onde estão os cadernos?
- Não temos cadernos.
- Como assim?
- Prestamos bastante atenção nas aulas e não anotamos nada. Depois copiamos as lições dos amigos.
- Mas como vou ensinar se não têm cadernos?
Nesse momento, um grito e um desmaio.
Cristina me chacoalhava, o rapaz em pânico, branco de medo. Aí de repente, ressuscito em meio a gargalhadas. O menino, agora vermelho de raiva, pega suas coisas e vai embora enquanto nos esborrachávamos de rir caídas pelas escadarias.
No outro dia, juras de perdão, promessas de levar os cadernos, pedidos de uma nova chance. E lá íamos novamente para as aulas particulares de física com nosso colega cdf. Tudo começava muito bem, com seriedade, mas no decorrer das aulas algum súcubo saltava em nossos ombros e nos espetava com seu tridente em brasa. Pronto! Era uma questão de trocar olhares e estava feita a sandice, novos desmaios e olhares de estarrecimento.
- Dessa vez é de verdade, ela passou mal, acode!
E dali uns segundos, novamente as gargalhadas. Claro, depois do terceiro desmaio perdemos nosso professor de vez. Alguns anos mais tarde o encontrei na saída de um show. Chamei-o, mandei tchauzinho, mas ele virou a cara e fingiu não me conhecer. Bem feito pra mim!