terça-feira, 31 de março de 2009

Semelhanças


Semelhanças

Era uma manhã, um tanto comum, quase decadente
Daquelas em que se espera muito pouco do dia
Um sono profundo, ao largo, uma cama vazia
Na fronha, lânguida imagem de um beijo caliente

Desorientada pela lembrança tão cara
Os ossos, queixosos, já se ressentem
No espaço que as longas horas desmentem
Os poucos minutos com os quais se depara

A tarde azul, gélida, em via transformada
Rende passos no correr do silencioso caminho
Trôpegos, incautos, ao incessante labor do vinho
Que inicia a travessia um tanto aparvalhada

Ah! Olhos revirados, como estão ao seu redor
Roendo-se, cada qual com uníssono pensar
O calor, um trago, em fartas vias resgatar
O feio e o insano se convertem em esplendor

E assim, meio alegres, recomeçam os instantes
No furor em que bocas se movem desconexas
Em conversas toscas, as frases mal complexas
Diferentes das nossas, não fossem tão semelhantes


Anto 12/06/08