sábado, 31 de dezembro de 2011

Fechando 2011

Fechando 2011

Este ano foi incrível em todos os sentidos.
Não foi fácil, mas foi um ano de acertos, mais do que erros. 
2011 voou, sem qualquer pretensão de ser o ano. E realmente não foi. Chegou ao fim com algumas surpresas e outras tantas constatações.
A maior foi a de que a perseverança, se não rende bons frutos de imediato, faz germinar sementes. Algumas ruins, é verdade, fadadas ao apodrecimento. Outras boas, que irão crescer e frutificar. Esperar pelas boas ainda exige uma certa dose de paciência. E alimento. E rega. E abnegação. E ajustes.
O que não tinha mais serventia mas ainda era aproveitável foi doado, levado às mãos de quem poderia tirar algum proveito.  Foi aberto espaço nos armários, nas gavetas, na alma. E tais espaços foram ocupados de maneira mais organizada, sem desperdídios. Alguns sorrisos se formaram e apenas isto é o que realmente importa. O lixo foi jogado no lixo. Tanto o físico, quanto o emocional, espiritual, cármico – se é que existem lixos desses tipos,  além dos recicláveis e orgânicos, acho que sim.
Assim, organizando a vida, as energias fluem. A gente se sente mais leve, trabalha com mais vigor, motivação, corre atrás do prejuízo, do tempo perdido, dá mais valor ao que de fato precisa e  merece nossa atenção.
Algumas amizades se revelaram maiores do que se supunha e outras ainda se formaram com aquela simplicidade de quem mora numa kitchenette, mas tem um enorme e acolhedor espaço no coração. E a vida segue, cada um cuidando da sua, sem que ninguém saia ganhando, nem perdendo. Até para cultivar uma amizade é necessário comprometimento e isso faz todo o sentido.
Esse ano foi um ano de idas e vindas. De partidas e chegadas. Foi um ano de reflexão e observação.
O silêncio foi importante ingrediente para garantir algumas percepções maiores. E elas vieram, num breve intervalo entre a oração e a meditação. 
Ano de costurar os retalhos e constatar que depois de pronta a colcha  não ornava tanto assim. Afinal, nada é exatamente como nos mostram. Nada é como somos induzidos a ver.
E se por um lado nos equivocamos, por outro compensamos com acertos e devemos ficar satisfeitos com eles. E agradecer. Sim, agradecer é fundamental. 
Então, agradecendo primeiramente a Deus pelo ano que termina, segue meu desejo de que 2012  seja sempre melhor no sentido da conscientização moral e ética humana, porque todo o resto é mera consequência.
Feliz Ano Novo!
Foto by Mirella Valente

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dr. Eliano Pellini fala do relacionamento do casal ao longo do tempo

Simples e didático. Dr. Pellini esclarecendo o que acontece com os relacionamentos. Muito bom!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

TOC140 - 2010/2011

Meus tweets para o concurso TOC140 2010/2011 da Fliporto Digital para o Twitter (poesia em 140 toques).


TOC140 - 2010
O afago noturno de um anjo pousa em minha cabeça e assim adormeço, livre e solta do teu aconchego.  #TOC
Tuas mãos fortes me acalmam/ O que será de mim, sem poder segurá-las quando perco o chão sob os pés? #TOC
Razão nenhuma tenho para distribuir sorrisos. Já não me bastam as piadas dos amigos. #TOC
Te amo num minuto e no instante seguinte quero que padeças todas as dores do mundo. Me explica o que é isso. Dou-te um segundo. #TOC
Tenho escrito. Pra retomar velhos hábitos, ocupar certos vazios. Pra matar as saudades de mim. #TOC
Tenho escrito. Para erguer uma fortaleza de palavras e me abrigar em seus contornos, escondida entre o P e o Q. #TOC
Aqueço meus pés numa fogueira/ Enquanto digito em meu caderno de verdades/ As mentiras que gostaria de dizer. #TOC
Penso. Existo comigo na incerteza de que me tocarás ainda. E se não, certa e triste será a melodia de minha lira. #TOC
Calei-me./Quando ouvi da tua boca as palavras mais infames que poderia ter ouvido./Calei-me na minha dor/E tudo o mais perdeu o sentido.#TOC
O sol amanheceu sorrindo. E a primavera retribuiu essa alegria com os mais floridos risos. #TOC
Em resposta aos por quês,/ Sobrei,/ Meio rouca, /Meio pouca/ Meu peito partido em dois pedaços. #TOC

TOC140 - 2011
PENSAMENTO//se pensei não sei/o quanto nem o que/travei no canto que me descobri/longe de ti/mas perto de mim#TOC
CHUVA// Queria tanto que chovesse/em especial nesta noite/noite quente/noite silente./Queria o frescor da chuva caindo em meus ouvidos. #TOC
FACADA// Temi por um momento/ a faca enfiada no peito/ sem sangue, sem ferida/ apenas um passageiro intento. #TOC
LEMBRANÇA// lembrando de águas passadas/ senti um teco de saudades/ saudades da tua voz/ do teu suor/ das intenções do teu sorriso... #TOC
SÓ AGORA// me dei conta daquela foto/ com um sorriso tímido no rosto/ deixada com displicência na orelha de um livro. #TOC
ESQUEÇA// se quer me esquecer de fato/ não me lembre de que ainda existo.#TOC
O PÁSSARO// um pio de passarinho/ passeando pelo ninho/ som agudo de quando em quando/ na pronúncia do biquinho. #TOC
MORTE// e os olhos descansaram para a vida/ finalmente... / não sem antes iluminarem a alma/ profundamente... #TOC
PENSAMENTO//se pensei não sei/o quanto nem o que/travei no canto que me descobri/longe de ti/mas perto de mim#TOC
ENCANTO// Hoje me encantei com o orvalho de teus olhos feridos/ E atinei para o mais óbvio dos efeitos:/ Perdido, em meus conceitos... #TOC
TALVEZ// Soubesses o que me está por um triz/ Vir a baila nas horas de insensatez/ Conter nos minutos o sim e o talvez.../ #TOC
SAUDADE// Saudade, que o coração invade/ Não morre, sobrevive hibérnia,/ Latente,/ Camuflada em lembrança/ No peito de quase criança... #TOC
DESCANSO SILENCIOSO// Nada ouço,/ ainda quieta na penumbra de minha morada,/ meu abrigo,/ meio adormecida no divã... #TOC
ÚLTIMO BEIJO// Da paixão crua do corpo já estendido,/ Enquanto outro sem pressa o explora/ Na urgência do beijar mais desmedido.../ #TOC
PASSAGEIRO// Ser eterno, na melancolia das horas,/ Um suposto mal que ora se conduz rasteiro/ Não passa este de tormento passageiro/ #TOC
PECADO// Em vão me procuras para jogar-me à lama./ Não me encontras pois ainda estou largada à cama,/ no velho e bom escuro da alcova...#TOC
CORAÇÃO// Despi-me dos restos de um coração partido,/ sob a vigilância de olhares silentes./ Inertes,/ na estrada dos versos idos... #TOC
PEDAÇO// Num riso solto,/ engasgo no tempo e no espaço./ Preciso de ar,/ um fôlego abraço,/ um pedaço de amar. #TOC
SENTIDO// A escolha traiçoeira/ enganou os sentidos./ Uma nuvem de poeira maculou os olhos/ e cobriu aquela névoa os olhos... #TOC
BECOS// São cacos que junto de meus melhores dias/ e deles saem um mosaico de tristezas./ Amores e proezas/ nos escuros becos da vida. #TOC
RECADO// Num bilhete escrito às pressas,/ um indício de demência./ Sem palavras,/ uma fala que não cala,/ repete,/ repete incoerências. #TOC
ATREVIMENTO// Desafiando, se preciso, o vento.../ Que atrevimento!/ No rosto, estampado o desgosto/ Na rudeza equivocada do momento. #TOC
RATO// Ser homem, ser humano/ empresta não apenas uma imagem./ No auge, o orgulho invade/ e no espelho se vê o reflexo de um rato. #TOC
SAUDADE// Me mata um pouco a cada minuto,/ pedaço de carne que virei./ Só o respiro me mantém viva/ porque do resto, nada mais resta... #TOC
DE AMANTE// Em cada uma das facetas/ do carbono despedaçado.../ jaz só o pó sob o esmeril.../ os restos de um coração rutilado. #TOC
PALAVRAS// Às vezes ouço, outras digo./ De qualquer forma, são todas palavras./ Sejam belas, ou amargas,/ as falas dos sentidos. #TOC
AZUL// Manchei as mãos de tinta,/ um azul iridescente./ Lavei, esfreguei... me feri e, vencida,/ o céu me tatuou as mãos.../ veemente. #TOC
FLORES// Desde quando plantastes os espinhos?/ Parece não, mas cactos também florescem/ e floreiam alguns poucos caminhos. #TOC
FOME// Nas mãos, o prato vazio de comida/ se limita a pedir acabrunhado./ Naquele vão de louça emprestada repousa só/ o branco lascado. #TOC


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Céu ou inferno - o gosto que não se discute

É verdade que gosto não se discute e me ocorre agora ter certa predileção pelas coisas do passado. Sei lá como se chama a isto, saudosismo, nostalgismo, vintagismo, síndrome da velharia... Sei apenas que de alguma maneira o antigo me traz sensações indescritíveis. Prazer em conhecer pessoas e coisas desconhecidas. Meu gosto, poxa! Alguns certamente criticariam...
Me peguei há pouco abrindo um link de fotos do século XIX, feitas com o daguerreótipo, uma espécie de câmera que utiliza um distinto método de fotografar (especialistas poderiam explicar mais facilmente, mas o google está aí para isto). Enfim, fiquei alguns bons minutos vendo dezenas de imagens de pessoas registradas com o tal método, observando-lhes os ricos detalhes, lendo cada legenda, imaginando como eram e como viviam. 
Algumas imagens do ex-presidente americano Teddy Roosevelt ainda bem jovem, outras de personagens sem nome, soldados e também casais em dias de bodas, crianças, famílias (estes últimos já em outro link, porque me empolguei). Havia algumas datas indicando anos de nascimento e de morte. 
Me impressionou a foto de um rapaz muito bonito, aparentemente saudável, um ferreiro paramentado com avental de couro, segurando um longo martelo e uma ferradura na entrada da oficina, com três ou quatro homens, possivelmente clientes, em segundo plano. A legenda dizia em inglês que o rapaz fulano de tal havia morrido aos vinte e dois anos, de pneumonia. 
Outra foto interessante: um mestiço índio americano, com cabelos longos escorridos, casaco de franjas à la Daniel Boone, sentado e segurando uma espécie de arma de cano longo. Sua mão direita pousada na perna, onde se via claramente a falta do dedo mínimo, nem um cotoco dele, apenas a cicatriz da sua ausência. 
Quantas daquelas pessoas chegaram a envelhecer ou mesmo atingiram a idade madura? Alguns jovens soldados, cujas fisionomias denunciavam ainda estarem em plena puberdade, fotografados com suas fardas antes da primeira e única batalha, eternizados por uma imagem arquivada em algum museu. Antes dos museus, estas fotos provavelmente pertenceram aos espólios de famílias, esquecidos nos porões de suas residências. 
A morte chegava fácil, a expectativa de vida girava em torno dos quarenta ou cinquenta anos, bem por volta da idade que tenho hoje. 
E me pergunto por que o interesse em olhar  seus rostos, estudar suas expressões, ver como estavam vestidos? Fora um ou outro "conhecido", como o mencionado ex-presidente Roosevelt, os escritores Ernest Hemingway e AntonTchecov e o lendário caçador Buffalo Bill, todos os demais eram ilustres desconhecidos, alguns com nome e sobrenome, outros totalmente anônimos, apenas um retrato no tempo.
 Curiosidade mórbida?
Acho que a questão seria explicada pelo fato de minha família desde sempre colecionar relíquias, gostar de arte e museus. Crescer nestes ambientes faz você amar ou abominar o que é antigo e conviver resignadamente ou revoltar-se contra as crises de rinite alérgica, quase sempre presentes em ambientes permeados pela antiguidade.
É fato que nos últimos trinta anos as câmeras fotográficas se popularizaram e hoje é praticamente improvável encontrar alguém que não tenha acesso a este tipo de registrador de imagens, ao menos nos grandes centros. 
Ao mesmo tempo que a fotografia se democratizou, acabou perdendo muito de seu charme, de seu valor sentimental.
Quando eu era criança, os retratos da família eram feitos em momentos especiais, quase solenes. Era a "hora da foto" e todos precisavam estar penteados, bem vestidos ou ao menos limpinhos. A espera pela revelação alimentava toda uma ansiedade e quando finalmente víamos as fotos, era o auge. As que ficavam boas mereciam cópias e eram distribuídas àqueles mais caros e o bem querer era naturalmente recíproco. As que ficavam muito boas alcançavam o status da ampliação, ganhavam belas molduras e um lugar de destaque na casa.
Hoje fotografar e se auto-fotografar é quase uma banalidade, praticamente não há custo. As fotos não param em um lugar fixo, não enfeitam mais nada, são virtuais e o descarte pode ser feito de maneira rápida e indolor, com um clique no ícone da lixeira.
Elas circulam por aí, sabe-se lá onde e vistas por quem. Às vezes usadas, abusadas, copiadas e distorcidas, nossas fotos podem se dispersar pelo submundo, sob olhares de pessoas que jamais fariam parte do nosso círculo de amizades.
A sensação de pertencimento apenas aos que julgamos especiais é cada vez mais rara. Antigamente, ainda no tempo de nossos avós, as fotos mereciam dedicatórias. Eram entregues com afeto ou amor, "de mim para você" e ninguém mais. Não havia terceira pessoa ou o mundo todo para compartilhar nosso semblante, muitas vezes furtado e divulgado sem o mínimo pudor.
Voltando ao daguerreótipo, o interessante é que dificilmente tomaríamos conhecimento daquelas fotos do século XIX se não tivessem sido digitalizadas e colocadas em circulação. Justamente aquilo que desencanta, que torna as imagens descartáveis, pode levá-las a viajar pelo mundo e serem vistas, admiradas, conhecidas, estudadas. 
É o ônus cobrado pela tecnologia. É a aceitação tácita de que, ao inserir uma imagem na rede estaremos perdendo completamente o controle sobre ela e seu destino. 
É uma parcela de nós que se esvai.
É o céu e o inferno ao alcance do botão enviar.

Anto out/2011

http://mydaguerreotypeboyfriend.tumblr.com/

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Resultado 1ª etapa - Fliporto Digital - TOC 140 / 2011


TOC140 PRIMEIRA ETAPA. RESULTADO

Postador por: Claudia em 1 de outubro de 2011
Antônio Campos, curador da Fliporto, a Coordenaçáo e a Comissão Julgadora do segundo TOC140 Poesia no Twitter têm a honra de apresentar o resultado do julgamento da primeira etapa do concurso, ao tempo que parabenizam todos os concorrentes pelos momentos de beleza que agora repartem com todos os amigos da Fliporto 2011 na Grande Teia. As inscrições continuam até o dia 10 de outubro e os não selecionados permanecem concorrendo. Aproveite e participe. Lista dos selecionados:

TOC140 POESIA NO TWITTER
Comissão Julgadora: Antônio Campos, Delasnieve Daspet, Haidée Camelo
Coordenação: Cláudia Cordeiro
Monitoramento: Luanda Calado
1ª. ETAPA
RESULTADO
50 POEMAS SELECIONADOS PARA PUBLICAÇÃO NA ANTOLOGIA
OS CEM MELHORES DO 2º. TOC140 POESIA NO TWITTER 2011
DENTRE OS 50, 5 SELECIONADOS PARA A VOTAÇÃO ON LINE
QUE DEFINIRÁ OS VENCEDORES
2ª. ETAPA
INSCRIÇÕES ATÉ 10 DE OUTUBRO DE 2011
TODOS OS INSCRITOS,
NÃO SELECIONADOS NA PRIMEIRA ETAPA, CONTINUAM A CONCORRER.
SERÃO SELECIONADOS MAIS 50 PARA A ANTOLOGIA E, DENTRE ELES,
5 PARA A VOTAÇÃO ON LINE
QUE DEFINIRÁ OS VENCEDORES
OS 5 FINALISTAS DA PRIMEIRA ETAPA
@adrianarazia OBRA// No avesso do barro/ Fractais adâmicos// Impressões digitais do oleiro/ Engendram alma/ Vida/ Arte/ No corpo terral do pote #TOC – Adriana Cristina Razia. Quatro Barras, PR.
@carlaceres Arco-Íris // Mil pingos de chuva / seduzem a luz solar / que, em cores, se curva. #TOC – Carla Ceres Oliveira Capeleti. Piracicaba, SP.
@Daniele_SF BLECAUTE// TV não liga/Computador trava/E o que seria da nova era /se por trás dos prédios /não houvesse um céu sem tomada? #TOC – Daniele Souza Freitas. Criciúma, SC.
@flaviomachado59 águia//embalsamada/pousa na palmeira/os gritos de desesperos.#TOC – Flavio Machado. Cabo Frio, RJ.
@rodrigodomit Minimalismo: Papelão sobre tela / jornal sobre calçada // Muito pouco sobre quase nada // A dura arte de sobreviver #TOC – Rodrigo Domit. Rio de Janeiro, RJ.
PRIMEIRA ETAPA
OS CINQUENTA POEMAS SELECIONADOS PARA A ANTOLOGIA
(Inclui os 5 finalistas)
@AdeliaFlo Onde procurar as chaves? a casa intacta e o cão magro com fome o espaço está curto tudo arde preciso bater as portas para escrever azul.#TOC – Maria Adélia de Melo Coelho Raposo. Recife, PE.
@adrianarazia OBRA// No avesso do barro/ Fractais adâmicos// Impressões digitais do oleiro/ Engendram alma/ Vida/ Arte/ No corpo terral do pote #TOC – Adriana Cristina Razia. Quatro Barras, PR.
@alexandrepaulas PEDRA// Às mãos de um poeta,/ qualquer palavra/ pode parecer/ matéria./ Sólida mesmo/ só a vida/ quando palavra/ gravada/ em pedra. #TOC – Alexandre de Paula Souza e Silva. Aparecida de Minas, MG.
@amscaligrafia FACADA// Temi por um momento/ a faca enfiada no peito/ sem sangue, sem ferida/ apenas um passageiro intento. #TOC – Antonella Mitsuko Sartori. SP.
@anamello Supera a ação do tempo/um bonsai com sua beleza./É o mais puro elemento/Essência mágica da natureza. #TOC – Ana Maria de Souza Mello. Porto Alegre, RS.
@AnaPaulaScolari O MARTÍRIO DO POETA // A poesia no papel / vai sendo impressa com sangue. / Todo poeta conhece a dor / de ser tatuado na alma. #TOC – Ana Paula Scolari Rocha. Londrina, PR.
@anbarretto NUBLADO// É nublado lá fora e também aqui dentro / Só que hoje eu não chovi / Tive muita coisa para arrumar / e não tive tempo. #TOC – Anderson Gomes Paes Barretto. Jaboatão dos Guararapes, PE.
@artELetras Dormitando// Um seio vasto, cálido;/ a mão pequena : / saudade, sem verso e sem pena.// #TOC – Eliana Mora. Juiz de Fora, MG
@augustocaval FLUXO // na árvore da vida / ser um fruto humano / e deixar / o tempo morder. #TOC – Augusto Cavalcante Marques Monteiro. Jaboatão dos Guararapes, PE.
@carlaceres Arco-Íris // Mil pingos de chuva / seduzem a luz solar / que, em cores, se curva. #TOC – Carla Ceres Oliveira Capeleti. Piracicaba, SP.
@CesarVeneziani CAMINHO // Minha luz se resume / a uma vela / que se equilibra à mera brisa…// Me basta para clarear o caminho que trilho! #TOC – Cesar Luiz Veneziani. São Paulo, SP.
@cinerum Cinerum// pode ser que/ das cinzas/ reste vida/ reste amor ou/ qualquer coisa/ bem vinda #TOC – Lucas Cabral. Canada. H2L3L3
@cleytoncabral ENSAIO SOBRE A SOLIDÃO // Mulher veste Prada, / usa Lou lou / e tranca-se em casa. #TOC – Cleyton José de Andrade Cabral. Olinda, Pernambuco.
@d_rams saudade: / naufrágio nas/ pálpebras/ encharcadas de/ labirintos. #TOC – Diego Ramires Bittencourt. Ponta Grossa, Paraná
@Daniele_SF BLECAUTE// TV não liga/Computador trava/E o que seria da nova era /se por trás dos prédios /não houvesse um céu sem tomada? #TOC – Daniele Souza Freitas. Criciúma, SC.
@edujapi VIOLÊNCIA// Medo de ficar em casa, medo de sair, de prosseguir. / Grades, blindados e cercados. / Meu Deus: / sem matar, fui condenado. #TOC – Eduardo Sérgio Japiassú Correia Lima. Recife, PE.
@EvandroAlessio O LAZARETO//Se precisar ir à Brasília/Escolha um dia de recesso/E reserve um LAZARETO/Caso passe no Congresso.#TOC – Evandro Aléssio Rodrigues Pereira. Barbacena, MG.
@Fernanda_Limao FOTOGRAFIA// Eternizado o momento/ visão parada no tempo/ ficou na memória/ mas agora é história/ acorda menina/ o tempo passou. #TOC – Fernanda de Lima Alves. Garanhuns, PE.
@flaviomachado59 águia//embalsamada/pousa na palmeira/os gritos de desesperos.#TOC – Flavio Machado. Cabo Frio, RJ.
@flea100 O sol brilhava forte/ E teu sorriso o afrontava/ Involuntário.#TOC – Edgley Silva Gonçalves. Tatuapé, SP.
@gabriel_andre De mãos abertas / Paulo Freire educa-aprende / com a cigana analfabeta / lendo na sua (p)alma / o que o mundo pouco compreende. #TOC –
@geraldotrombin RELÓGIO BIOLÓGICO FURTADO//Roubaram-me os segundos, /Os minutos,/As horas./Já não tenho mais tempo. #TOC – Geraldo Trombin. Americana,SP.
@gilliteratura CURTA III // Se tuas letras/ não me querem mais/ vou reescrever teu nome/ vinho, flor, quadro, noite…/ nuvem a chover melancolias. #TOC – Gildeone dos Santos Oliveira. Retirolândia, BA.
@gloriadioge SAUDADE//Deslembrar/ encantamento raro./Nem o tempo colabora/ Iluminura obsessiva no vão de entrada. #TOC – Glória Maria dos Santos Diógenes. Fortaleza, CE.
@gracacarpes Os ventos barulham árvores; / de mãos dadas / corre o azul com a tarde. #TOC – Maria das Graças S. Carpes. Niterói, RJ. Maria das Graças S. Carpes. Niterói, RJ.
@heytorvictor Olhar por dentro às vezes é perigoso:/ nunca se sabe o quão transparente você deve ser. #TOC – Heytor Victor Pereira da Costa Neco. Recife, PE.
@joaocamposnunes BALBUCIO O tempo te soprou de mim / e te espalhou por ai / em tudo / E agora acho / que todas as coisas do mundo / são também / você. #TOC – João Campos Nunes. São Paulo, SP.
@JPParisio Acidente//Derrubo palavras no papel:/as que se desequilibraram/no cesto cheio do silêncio. #TOC – João Paulo Parisio. Jaboatão dos Guararapes, PE.
@juan__salazar romper com a carne, dotá-la de palavra, incorporá-la: eis que arde #TOC – Juan Salazar. São Paulo, SP
@juareizcorreya CRIAÇÃO // Síntese perfeita de emoção e razão / O verso pensa o homem mais humano / #TOC – Juareiz Correya. Recife, PE.
@KamiBabiuki Todo dia enfrento / um dilema: / construir meu porto / seguro, / ou viver, sedento, / um poema #TOC – Kamila Babiuki. Curitiba, PR.
@kleberbordinhao Pró-cessar//faço o que faço/com calma/régua e compasso,/mas o acerto/ é num instante/e o erro é passo a passo. #TOC – Kleber Bordinhão. Ponta Grossa, PR.
@LilianPool O lixo era seu luxo/espelhos/papel de seda/uma rosa ainda com pétalas/e uma caderno/com folhas rotas/onde escrevia seus versos. #TOC – Lilian da Silva Ney. Rio Grande, RS.
@luizaogosto SOL & AURORA // entre a rua do Sol / e a rua da Aurora / rasga o Capibaribe / um Recife de outrora. #TOC – Luiz Augusto Dutra Souza do Monte. Recife, PE.
@maio26 VARANDA // O mar entrou com o céu/na sala vazia/e ficou por ali. Não saiu nunca mais. #TOC – Ana Valentina Medeiros de Araújo. Maceió, AL.
@marianebigio (sem título)// Me dá uma raiva danada/ quem chama de ignorante/ toda a gente ignorada. #TOC – Mariane Bigio Nascimento. Recife, PE.
@Mimaiormimenor1 CHOVERANDO// Nas tardes de pinga-pinga /escorre uma saudade/ dos bolinhos de chuva/ da infância sem maldade. #TOC – Michele Pupo. Ponta Grossa, PR.
@miracostalima PRISÃO// a minha prisão não tem portas, grades ou janela/ ela é muito pior:/tem o espaço de uma cidade inteira. #TOC – Mirella Costa de Lima. Aracati, CE.
@moonrubi Felicidade//Casulo de ânsias aladas/que tive em mãos./Tanto esfreguei com pressa/que nasceram mãos, mas quebradas. #TOC – Rubeneide Araujo Freire da Silva. Arcoverde, PE.
@muciog6es Olinda mandou recado / o sol subiu as ladeiras / e foi poesia pra todo lado – #TOC – Mucio de Lima Góes – Recife, PE.
@nuneslidi TEMPESTADE // Hoje, / acordei nuvem / e não consigo parar / de chover. #TOC – Lidiane Carvalho Nunes – Feira de Santana, BA.
@pujolcorsino ALMA DO NEGÓCIO// Deus cria a Alma / O Diabo tenta negociá-la ao seu justo preço / Num breve sopro mercantil / Eis o inferno. #TOC. Larissa Daiane Pujol Corsino dos Santos – Santa Maria, RS.
@ramonronchi EX-CRITOR// Foi há muito tempo/ Quando as folhas preenchidas/ não eram suicidas #TOC. Ramon Felipe Ronchi – Ponta Grossa, PR.
@ricmainieri ATLANTE//Tarde se desfez//Noite outra vez.//Hora de acordar/os continentes/(submersos)/da alma.#TOC. Ricardo Mainieri – Porto Alegre, RS.
@rodrigodomit Minimalismo: Papelão sobre tela / jornal sobre calçada // Muito pouco sobre quase nada // A dura arte de sobreviver #TOC – Rodrigo Domit. Rio de Janeiro, RJ.
@tararipe PEDRADA// A primeira pedra/ é a que mais fere/ se o coração é a pele. #TOC – Tiago Figueiredo de Alencar Araripe. Recife, PE.
@thatymarcondes PONTE: Cansada de ser ponte/resolvi atravessar o rio/molhando meus pés/para que minhas pegadas deixem rastros… #TOC – Thais da Cunha Marcondes. Ponta Grossa, PR.
@Virvinhas Mudança//Vivo agora o que não sei/Mudei/Desabei/Desconcertei/Sem alma/Nem calma/O que me tornei?#TOC – Vívian Cristina Ferreira. Florianópolis, SC.
@wgorj CEDILHA // cai ou não cai? / a força virou forca / e matou o haicai. #TOC – Wilson Gorj – São Paulo, SP.
@zeforis miniconto4: tinha um deus dentro de si. leu nietzsche e se enforcou.#TOC – André Boniatti. Corbélia, PR.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Divã - Martha Medeiros

Não sou muito de seguir novelas, seriados, mini-séries. Acho que chegou uma época em que tudo o que tem um próximo capítulo me deixa um tanto impaciente, nervosa até.
Se piscar o olho, der uma cochilada, pronto, perdi o fio da meada e com ele toda a graça do negócio. Chegou o tempo em que é preciso me concentrar muito bem em cada tarefa, ou seja, qualquer interrupção telefônica no meio da dança das panelas pode muito provavelmente significar um feijão queimado e desencadear, por sua vez, a frustração de ter de recorrer àquele miojo salvador, devidamente estocado no fundo da despensa para tais emergências.
Acabei assistindo a uns dois capítulos da série Divã, meio por acaso, meio pela metade. Não porque não quisesse ver, mas no dia e horário semanal ou estava trabalhando, ou havia saído, ou já havia sido nocauteada pelo sono ou simplesmente me esquecia. Também não assisti ao filme, nem fui ao teatro. Enfim, se havia uma sequência lógica para que pudesse acompanhar as aventuras e desventuras de Mercedes, não fiquei sabendo. Uma pena, havia gostado daqueles dois meio-capítulos que vi despretensiosamente.
Foi numa dessas entradas em livraria que me ocorreu perguntar pelo livro. Lá estava ele, um último exemplar esperando por mim. Fininho, leitura de fácil digestão, gostosa como uma melancia geladinha em dias quentes. Sentada numa poltrona confortável lá mesmo no shopping, dei cabo de cinquenta páginas em cerca de meia hora.
Ri muito com algumas situações surreais vividas pela heroína. Mas o que me impactou mesmo foi o início, com a sintonia entre a narrativa dela, Mercedes, interpretada pela excelente Lilia Cabral e o meu pensar. Aquela coisa de me sentir às vezes fora de mim e o peso de certas dúvidas, decisões. Me senti um pouco dentro daquele livro, decifrada pelas palavras da autora que comove, diverte e desperta paixões.
Com os devidos descontos às partes que me tocam, um pouco de Mercedes no Divã:

" Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague o meu dia. Vida doméstica é para os gatos.
Nossa, pareço uma metralhadora disparando informações como se estivesse preenchendo um cadastro para arranjar marido. Ponha na conta da ansiedade. A propósito, tenho marido e três filhos.
Sou professora, lecionei por muitos anos em duas escolas, mas depois passei a me dedicar apenas às aulas particulares, ganho melhor e sobra tempo para me dedicar à minha verdadeira vocação, que são as artes plásticas. Gosto muito de pintar, montei um pequeno ateliê dentro do meu apartamento, ali eu me tranco e é onde eu consigo me encontrar. Vivo cercada de pessoas, mas nunca somos nós mesmos na presença de testemunhas.
Às vezes me sinto uma mulher mascarada, como se desempenhasse um papel em sociedade só para se sentir integrada, fazendo parte do mundo. Outras vezes acho que não é nada disso, hospedo em mim uma natureza contestadora e aonde quer que eu vá ela está comigo, só que sou bem-educada e não compro briga à toa. Enfim, parece tudo muito normal, mas há uma voz interna que anda me dizendo: "Você não perde por esperar, Mercedes." É como se eu tivesse, além de uma consciência oficial, também uma consciência paralela, e ela soubesse que não vou segurar minhas ambigüidades por muito tempo.
Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope. Faz eu dizer tudo ao contrário do que penso: nessas horas não sei aonde vão parar minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.
Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também. Prepare-se para uma terapia de grupo."

Divã - Martha Medeiros

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Doce Infância



Doce infância

Uma bala, um chiclete,  um sorvete
E o algodão doce quentinho
Fiado num pau de churrasquinho

Era assim que o prézinho corria
Até a próxima festinha
Até o próximo final de semana
Onde o incrível era fazer comidinhas
Com dezenas de plantas venenosas
Que ninguém comia de verdade

E ninguém morria amargurado
Nem de tédio,
Nem do juízo,
Nem um pouco envenenado

Era o verbo brincar o mais conjugado
E na escola
A intimidade com a bola
A melhor,  a mais importante
A mais redondamente interessante
Enquanto todo o resto parecia nem existir

Inocência, entretanto
Tratar do desconhecido crescimento
Uma pausa no restante do tempo
Pra aprender a ser adulto

Então, quase entrei em colapso
Um semi paralelo evidente tumulto
Quando vi minhas entranhas por dentro

Tive uma vaga lembrança
De como tudo era simples
Na minha dor aguda de criança
E como era feliz uns ...
Noventa e nove por cento!

Anto abril/11

sábado, 2 de abril de 2011

Inteligência emocional tem auge aos 60 anos - Superinteressante

Inteligência emocional tem auge aos 60 anos - Superinteressante Bom, vamos esperar que os especialistas da Universidade de Berkeley estejam corretos. Nesta estatística mais uns 20 anos pra ter alguma evolução. Vou começar antes.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Pequenas Epifanias - trecho

Faz tempo não leio algo assim inspirador.
Gostei tanto que quero deixar registrado para ler de vez em quando.


Texto de Caio Fernando Abreu retirado do livro "Pequenas Epifanias".

"Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos…

Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.

Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente?

Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente?

Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.

Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina.

Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.

Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.

. . . E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura."

Caio Fernando Abreu

domingo, 13 de março de 2011

Reflexões

Um trecho do Evangelho de São João - Capítulo 1:
"1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio junto de Deus. 3 Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. 4 Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. 6 ..."

Outro dia, entre uma conversa e outra sobre os sentimentos que decorrem das mortes, ganhei de uma amiga (Le) o livro Ágape (o amor incondicional), do Padre Marcelo Rossi. Ela me dizia que o livro tratava de certas passagens da Bíblia, especificamente do Evangelho de São João e que os comentários do padre se encaixavam em determinados momentos da vida das pessoas. Comecei a lê-lo assim que cheguei em casa, mas admito, caí num sono profundo já no prefácio.
Peguei novamente o livro agora a pouco e logo entrei em um assunto que achei interessante, o dualismo entre luz e trevas. 
Em visão simplista, é quase como o dilema do ovo e da galinha, quem nasceu de quem, como um surgiu sem o outro. Desconheço se os cientistas chegaram a determinar algo a este respeito.
Entretanto, na esfera religiosa, o autor nos presenteia com seu parecer filosófico, em explicação bastante didática e permeada com exemplos reais.
Não sou carola, fanática ou coisa parecida, nem entendida em assuntos bíblicos, mas ainda tenho a capacidade de me sentir pequena diante de certos mistérios, de me emocionar, de compreender, de lutar por um ideal ou de me resignar em razão do inevitável.
Assim, achei bacana transcrever o trecho supra e também o trecho logo mais abaixo, contendo as reflexões do autor sobre a existência da Luz.
Espero que gostem.

"O tema da luz está presente em toda a palavra de Deus. A criação do mundo e do homem é uma vitória da luz sobre as trevas. São Paulo revela que o cristão é Filho da Luz.
E o que significa ser Filho da Luz?
O sentido de trevas ou escuridão é dado àquilo que não se vê ou àquilo que não se pode ver porque envergonha. A violência, a corrupção, a mentira, o pecado nos remetem para as trevas. Um marido que espanca sua mulher ou que trai sua relação esconde a ação vergonhosa. O pai que mente para o filho ou o filho que mente para o pai não quer ser descoberto. O falso médico, o advogado mentiroso, o político desonesto, o motorista embriagado, todos de alguma maneira vivem na escuridão. A luz revela, Se há alguma sujeira na casa e as luzes estão apagadas, as pessoas não conseguem perceber a ausência do cuidado, da limpeza. Quando a luz se acende, o que era sujo começa a incomodar.
Cristo é o Filho da Luz. E os cristãos são convidados a ser os novos cristos. Portanto, todos nós somos chamados a ser Filhos da Luz.
Quem vive no escuro tem medo da luz. Quem passa alguns dias dentro de um quarto escuro, com as janelas fechadas, quando entra a primeira fresta de luz, tem a sensação de cegueira de tanto que a luz incomoda. É preciso se acostumar com a luz para que os olhos enxerguem, de fato, a paisagem que antes estava escondida.
A escuridão nos remete aos erros. Não os erros que cometemos. Errar faz parte. A escuridão faz parte dos erros em cuja permanência insistimos. Há tantos erros que são facilmente percebidos, mas a nossa teimosia e comodismo nos impedem a busca de uma nova vida. E incorremos nos mesmo erros. Evidentemente, há doenças que maculam uma vida. Sei o quanto irmãos nossos, doentes do alcoolismo, tentam se livrar e não conseguem. Não julguemos. Há muitos que acusam esses irmãos de vadios, irresponsáveis, fracos. O alcoolismo é uma doença. O usuário das drogas ilícitas também vive um inferno. O inferno do vício, o inferno da escravidão, Por isso prevenir é tão importante. Quando o problema surge, é preciso paciência, perseverança e muito amor. Não se retira um filho das drogas com espancamentos nem com expulsões. Quando o vício já faz parte da vida de um jovem, é preciso mais cuidado ainda, mais amor ainda para que uma nova vida possa surgir. Uma vida iluminada.
A luz é a novidade. A paisagem só pode ser contemplada verdadeiramente sob a luz, sem sujeiras.
Gosto daquela história das duas famílias que moravam uma em frente à outra. Todos os dias, o marido de uma das casas, ao voltar do trabalho, encontrava a esposa reparando nas roupas sujas penduradas na área da casa vizinha. Ficava indignada. Não entendia por que não as lavava adequadamente  primeiro, para só depois colocá-las no varal. E dizia isso com impaciência  e com a certeza de que a vizinha era descuidada e suja. Depois de algum tempo, cansado das reclamações da mulher, o marido deu uma sugestão simples e óbvia. Disse a ela que limpasse o vidro da janela da sala deles, que estava imundo, e, então, veria que não eram as roupas da vizinha que estavam sujas.
História simples com um ensinamento de grande significado. O descuido com a limpeza não era da vizinha, É fácil jogar a culpa no outro. O problema é sempre do outro. Ser Filho da Luz é iluminar a vida para que os meus problemas sejam resolvidos. Para isso é preciso assumir que eles existem. Na história, a mulher não imaginava  que era a sua vidraça que estava suja. Essa é uma questão importante. A dificuldade em ver o meu problema  faz com que eu não consiga solucioná-lo. O primeiro passo para levantar é ter a percepção da queda.
Jesus veio ao mundo, veio para os seus e os seus não O reconheceram. Faltou luz, Ágape é luz. É luz que dissipa as trevas, que dissipa a escuridão. É luz que ilumina e aquece."

Padre Marcelo Rossi - em Ágape

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Encantos e desencantos

Hoje me encantei com o dia
No amanhecer imaginário incendiado pelo sol de costume
Trouxe flores ao invés de pedras nas mãos
E pousei-as suavemente ao teu lado para que as tocasse generoso


Hoje me encantei com o amargo do oposto
E abracei com vontade um tronco cheio de espinhos
Para me livrar das esquecidas verdades
Tal como a chuva de tristeza que se vai pelo caminho


Hoje me encantei com o orvalho de teus olhos feridos
E desse encanto, atinei para o mais óbvio dos efeitos
Será o rancor o mais sublime sentimento
A mostrar o quanto dói e aflige uma dor certeira?


Por que teimamos na mesma mágoa
E gritamos fartamente o quanto fartos estamos
Se nem bem sabemos o quanto ainda queremos
Estar ao lado de quem sempre amamos e julgamos?


Hoje me encantei com algo estranho
E desencantei com algo até bem parecido
É só que me encontro e converso comigo
É só que me corroo os ossos já roídos

Anto 17/02/11