domingo, 8 de agosto de 2010

Aprender com os acertos

Texto interessante do personal coach Marcelo Mello.

"Lá no livro que estou escrevendo, dediquei um capítulo inteiro a um assunto que acho de extrema importância, mas que pouca gente dispensa atenção. Eu gosto de pensar sobre isso mesmo que tenha que lutar ferrenhamente contra minha própria mente que, muitas vezes, insista em me empurrar para o outro lado. Existe por aí uma crença, uma dessas verdades absolutas óbvias que diz assim: Devemos aprender com nossos erros.



Eu, nesse capítulo, caminho também para o outro lado, insisto que devemos aprender com nossos acertos. Isso não quer dizer que devemos deixar o óbvio de lado. Devemos sim aprender com os erros, mas e os acertos? Por que é que sempre levamos em conta, ou melhor, levamos mais em conta nossos erros do que os acertos? Que medo é esse de se orgulhar pelos seus feitos? De onde vem essa bobagem? Da religião – seja ela qual for – que têm em comum a pregação da humildade? E quem disse que não podemos bater no peito quando acertamos?



Tudo isso é uma discussão longa e não quero perder tempo com isso aqui neste texto. Quero enfatizar outra coisa, quero que você deixe de lado um pouco seus erros, afinal de contas, se é óbvio que você deve aprender com eles, na minha cabeça já aprendeu, assim sendo, não é preciso falar mais sobre isso.



Minha proposta é que criemos uma nova crença, uma nova verdade absoluta, mais positiva, mais importante e menos dolorosa. Sim, pensar nos erros, mesmo que aprendendo com eles é dolorido. Como disse, entendo que esse processo se dá naturalmente por ser óbvio. Se fogo queima e aprendemos isso quando colocamos a mão na chama, não precisamos mais repetir essa atitude. Nesse ponto importante temos que ligar o piloto automático. Não é necessário gastar energia pensando nisso.



Já na questão inversa, aprender com os acertos, é preciso que nos acostumemos a fazer desse processo algo que venha a ser natural, automático. Não é fácil, como já disse milhares de vezes, nossa mente joga contra nós mesmos, o que é um absurdo, talvez uma falha do sistema operacional humano. Culpa de Deus? Não sei, mas é fato que somos muito mais negativos do que positivos. Esse desequilíbrio mental é uma das coisas que mais atrapalha a vida.



Sei que muita gente não enxerga o óbvio e cai naquela espiral descendente repetindo os mesmos erros, repetindo comportamentos que fazem mal a elas mesmas, mas é preciso que isso mude de uma vez por todas. Muita gente cai nessa onda porque não conhece a diferença, porque não sabe como agir diante das dificuldades, não sabe como proceder no momento das escolhas importantes, enfim, há que se estancar essa hemorragia. O que muita gente faz é o mesmo que estancar uma hemorragia fazendo mais um corte. Absurdo quando colocado dessa maneira exagerada, não? Pois é, mas isso existe.



Aprender com os acertos ninguém leva em conta. Mesmo que os resultados sejam satisfatórios, a impressão que dá é que se tem medo de repetir as fórmulas boas que a própria vida nos ensina. Parece que há uma soberba embutida na mente das pessoas que batem no peito enaltecendo seus grandes feitos. Tudo bobagem. Claro que há exageros, mas sei não estou aqui perdendo tempo escrevendo para pessoas tolas, pelo contrário, sei que a maioria jamais se deixaria contaminar pela soberba. O que estou querendo dizer é que dentro de limites aceitáveis, devemos sim, por obrigação, levar em conta nossos acertos. E podem ter certeza absoluta que não são poucos.



Ninguém é tão triste quanto pensa. Ninguém é tão incapaz quando imagina. Ninguém mesmo. Uma vez escrevi um texto que mexeu com as pessoas. Nele eu dizia que somos capazes de tudo, de qualquer coisa. Creio nisso com todas as minhas forças porque já vi coisas nesse sentido que vocês jamais acreditariam.



Só que é preciso falar algo que talvez eu não tenha dito naquele texto: Somos capazes de tudo sim, mas entenda-se que “tudo” pode ser negativo também. Somos capazes de nos destruir da mesma forma que somos capazes de nos construir.



O problema, a diferença é que – isso serve para tudo – destruir é muito mais fácil do que construir. Para uma implosão, basta meia dúzia de bombas bem distribuídas e, um prédio que levou anos para ser erguido, vem abaixo em segundos.



Pergunto diretamente a você aí que pode não estar lá muito satisfeito com sua vida atual: Será mesmo que você só cometeu erros ao longo da sua jornada? Eu sei que não. Então, mãos à obra, temos que reconstruir o que você está tentando demolir."




MM