segunda-feira, 8 de junho de 2009

Limites

Outro dia, em certa reunião da escola, recebi um folheto contendo um texto. Na hora não li, preocupada que estava em conversar com todos os professores, muito embora soubesse não ter de ouvir deles grandes reclamações, nem por notas, nem por comportamento.
Mas enfim, mãe é mãe e a-do-ra ficar por dentro do mundo dos filhos, especialmente quando estes nos aguçam a curiosidade afirmando que não precisamos ir a reunião nenhuma. Hummmm... aí tem...
Mas não tinha não, ufa! Pelo menos no meu caso.
Voltando à vaca-fria, como diria minha amiga Belas Pernas, fui ler o tal texto somente dias depois e, para minha surpresa deparei com um assunto que gosto muito, um paralelo de gerações.
Bacana mesmo poder identificar situações que ocorreram e ocorrem hoje em dia e já posso dizer "no meu tempo" porque atingi o patamar da maturidade (eba!). Basta dizer que sou da época do LP e das fitas cassete, da máquina de escrever, do mimeógrafo e do telefone discado.
Nada de notebooks, iphones e toda a nano-parafernália que consiste a tecnologia digital, atualizada semanalmente com produtos cada vez melhores, menores, mais cheios de recursos, mais rápidos.
Então voltemos ao texto e boa leitura.
“Limites

Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores e com o esforço de abolirmos os abusos do passado.
Somos pais mais dedicados e compreensivos, mas por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história.
O grave é que estamos lidando com crianças mais “espertas” do que nós, ousadas, e mais “poderosas” que nunca!
Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queriamos ser, passamos de um extremo ao outro.
Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais…
Os últimos que tivemos medo dos pais…
… e os primeiros que tememos os filhos.
Os últimos que cresceram sob o mando dos pais…
… e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos.
E, o que é pior…
… os últimos que respeitamos nossos pais… (às vezes sem escolhas…)
… e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com respeito.
À medida que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical…
… para o bem e para o mal.
Com efeito, antes considerava-se um bom pai aquele cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens, e os tratavam com o devido respeito.
E bons filhos, as crianças que eram formais, e veneravam seus pais, mas à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram se desvanescendo…
… hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem.
E são os filhos quem agora esperam respeito dos pais, pretendendo de tal maneira que respeitem suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver.
E que além disso, que patrocinem no que necessitarem para tal fim.
Quer dizer, os papéis se inverteram.
Agora são os pais que têm que agradar a seus filhos para “ganhá-los” e não o inverso como no passado.
Isto explica o esforço que fazem tantos pais e mães para serem os melhores amigos e “darem tudo” a seus filhos.
Dizem que os extremos se atraem.
Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais…
… a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo… aos que nos verem tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam perceber que durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter…
… e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão…
É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.
Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os…
… e não atrás, carregando-os e rendidos às suas “vontades”.
Os limites abrigam o indivíduo com amor ilimitado e profundo respeito.”

(Autor desconhecido)