quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um outro dia


Um outro dia


Sentei no degrau da escada
Pendi um pouco a cabeça
E pensei

Mais uma vez
Lembrei
Chamei seu nome dormindo
Perdida
E não ouvi resposta


Andei escrevendo poesias
Pra me libertar um pouco dessa dor
Dizem que é melhor escrever na tristeza
Porque na alegria só sabemos rir
E nossos pensamentos vão longe
E a dor é outra, boa de sentir
Uma saudade leve,
Uma insanidade louca
E segura de que teremos uma mão lá do outro lado
Uma pele
Uma boca


Mas agora não sei mais
Escrever
Sem morrer um pouco a cada verso
Sem perder pequenos pedaços de felicidade
E a saudade de repente ficou má,
Cruel até
O algoz que me suga
E me mata um pouco a cada dia


Não sei o que isto quer dizer
Não entendo essa linguagem retórica da alma
Nem a maneira desconexa com que a vida se apresenta


De repente, um pensamento
Ou ele simplesmente não me deixa
Um só segundo
E todos os outros segundos seguintes
Dormir transformou-se num alento
Até o próximo amanhecer
Difícil abrir os olhos a cada dia
Prefiro não
Me faz adormecer
Mais uma vez


Anto ago/2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Desfeita




Desfeita



Em resposta aos por quês,


Sobrei


Meio rouca,


Meio pouca


Meu peito partido em dois pedaços


Uma folha, das de almaço


Amassei sem nem perceber


Havia ali umas frases


Algumas palavras jogadas no branco vazio


Um desenho


Uma geometria rabiscada


Sem cor


No rancor de certas mágoas


É que o peito se desfez


E me desfiz, assim como ele


Uma nuvem desfeita no céu do fim da tarde


Perdida,


Um pouco em cada parte



Anto agosto/2010