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Um outro dia
Sentei no degrau da escada
Pendi um pouco a cabeça
E pensei
Mais uma vez
Lembrei
Chamei seu nome dormindo
Perdida
E não ouvi resposta
Andei escrevendo poesias
Pra me libertar um pouco dessa dor
Dizem que é melhor escrever na tristeza
Porque na alegria só sabemos rir
E nossos pensamentos vão longe
E a dor é outra, boa de sentir
Uma saudade leve,
Uma insanidade louca
E segura de que teremos uma mão lá do outro lado
Uma pele
Uma boca
Mas agora não sei mais
Escrever
Sem morrer um pouco a cada verso
Sem perder pequenos pedaços de felicidade
E a saudade de repente ficou má,
Cruel até
O algoz que me suga
E me mata um pouco a cada dia
Não sei o que isto quer dizer
Não entendo essa linguagem retórica da alma
Nem a maneira desconexa com que a vida se apresenta
De repente, um pensamento
Ou ele simplesmente não me deixa
Um só segundo
E todos os outros segundos seguintes
Dormir transformou-se num alento
Até o próximo amanhecer
Difícil abrir os olhos a cada dia
Prefiro não
Me faz adormecer
Mais uma vez
Anto ago/2010
Desfeita
Em resposta aos por quês,
Sobrei
Meio rouca,
Meio pouca
Meu peito partido em dois pedaços
Uma folha, das de almaço
Amassei sem nem perceber
Havia ali umas frases
Algumas palavras jogadas no branco vazio
Um desenho
Uma geometria rabiscada
Sem cor
No rancor de certas mágoas
É que o peito se desfez
E me desfiz, assim como ele
Uma nuvem desfeita no céu do fim da tarde
Perdida,
Um pouco em cada parte
Anto agosto/2010