Primeiro dia de 2009.
Na última meia hora de 2008, depois dos cochilos devidamente interropidos pela contagem regressiva nem um pouco comedida de minha filha ao pé do meu ouvido, acordo sobressaltada com um telefonema da Bahia, de qualquer canto próximo da Praia do Forte que não cheguei a entender por razões óbvias.
Ao fundo, um som de ilê-ayê misturado ao axé “de” Chiclete, burburinho e risadas ao fundo, mal se escutava quem estava do outro lado.
Então um Feliz Ano Novo adiantado, porque depois da meia-noite seria impossível.
Ok, valeu bichinha, ou bichinhos, que estavam lá reunidos para pular as tais sete ondas, acender suas velas e jogar rosas brancas para Iemanjá.
Bons pedidos, boas vibrações para o novo, em meio aos agradecimentos pelas boas coisas do ano velho.
Que bom, alguém pensa por mim, fico tranquila, sossegada, me sentindo segura e amada.
Nesse meio tempo, no embalo daquele pré-soninho, 3-2-1 e… fogos!
Dormir é missão impossível, mas quem é que manda ter sono justamente na passagem de ano?
Calma aí que não sou esquisita, nem neurótica. Sono para mim é um bem precioso, só isso.
Hoje cedo, porém, já consegui retribuir os três votos mais importantes e é isso que importa. Renovar todos os dias, com fervor e amor no coração.
Partindo do princípio que os rituais são necessários, mas não me levam ao fanatismo propriamente dito. Falhei no meu tradicional adeus ano velho, mas sem peso na consciência. Compensarei de outro modo.
De outro lado, as origens sempre inspiradoras pedem seu registro.
Então, querida Pat, como atividade de início de ano, dei aquela espiada no seu blog e descobri uma preciosidade a qual peço licença para trancrever aqui pois a informação nunca é demais.
Apesar da mistureba do sangue, um fato muito relevante para mim é que nasci sob os auspícios do Bonfim, portanto me sinto agraciada pelos bons ares da terrinha.
Segue abaixo um pouco do baianês, lingua oficial da Bahia (http://desciclo.pedia.ws/wiki/Baian%C3%AAs-Soteropolitano)
No mínimo interessante. Muito massa!
A pronúncia
Ao contrário do que muitos pensam, o Baianês não é falado lentamente, mas sim cantando. Não existe o gerúndio, mas sim o gerúnio: o "d" no "-ndo" é excluído, o que resulta em falano, correno, ao invés de falando ou correndo.
Em baianês, uma frase nunca é concluída. Existem alguns verbos novos, como "bora" ou apenas "bó", que significa "vamos" (acompanhe a evolução: originalmente "vamos em boa hora" - "Vamos embora" - "Vumbora" - "'Bora" - "Bó") e também pode ser dito em forma repetitiva-poética como "borimbora" ("Vumbora embora") . Os exemplos abaixo só corroboram que existe uma capacidade inata no baiano em poupar energia. O caso clássico consiste na evolução do "Vossa Mercê" em "Vosmissê", após no já comum "Você", então no atualmente utilizado "Cê" e já foram encontrados casos de comunicação natural através do "Rummm" (som de grunido).
Na última meia hora de 2008, depois dos cochilos devidamente interropidos pela contagem regressiva nem um pouco comedida de minha filha ao pé do meu ouvido, acordo sobressaltada com um telefonema da Bahia, de qualquer canto próximo da Praia do Forte que não cheguei a entender por razões óbvias.
Ao fundo, um som de ilê-ayê misturado ao axé “de” Chiclete, burburinho e risadas ao fundo, mal se escutava quem estava do outro lado.
Então um Feliz Ano Novo adiantado, porque depois da meia-noite seria impossível.
Ok, valeu bichinha, ou bichinhos, que estavam lá reunidos para pular as tais sete ondas, acender suas velas e jogar rosas brancas para Iemanjá.
Bons pedidos, boas vibrações para o novo, em meio aos agradecimentos pelas boas coisas do ano velho.
Que bom, alguém pensa por mim, fico tranquila, sossegada, me sentindo segura e amada.
Nesse meio tempo, no embalo daquele pré-soninho, 3-2-1 e… fogos!
Dormir é missão impossível, mas quem é que manda ter sono justamente na passagem de ano?
Calma aí que não sou esquisita, nem neurótica. Sono para mim é um bem precioso, só isso.
Hoje cedo, porém, já consegui retribuir os três votos mais importantes e é isso que importa. Renovar todos os dias, com fervor e amor no coração.
Partindo do princípio que os rituais são necessários, mas não me levam ao fanatismo propriamente dito. Falhei no meu tradicional adeus ano velho, mas sem peso na consciência. Compensarei de outro modo.
De outro lado, as origens sempre inspiradoras pedem seu registro.
Então, querida Pat, como atividade de início de ano, dei aquela espiada no seu blog e descobri uma preciosidade a qual peço licença para trancrever aqui pois a informação nunca é demais.
Apesar da mistureba do sangue, um fato muito relevante para mim é que nasci sob os auspícios do Bonfim, portanto me sinto agraciada pelos bons ares da terrinha.
Segue abaixo um pouco do baianês, lingua oficial da Bahia (http://desciclo.pedia.ws/wiki/Baian%C3%AAs-Soteropolitano)
No mínimo interessante. Muito massa!
A pronúncia
Ao contrário do que muitos pensam, o Baianês não é falado lentamente, mas sim cantando. Não existe o gerúndio, mas sim o gerúnio: o "d" no "-ndo" é excluído, o que resulta em falano, correno, ao invés de falando ou correndo.
Em baianês, uma frase nunca é concluída. Existem alguns verbos novos, como "bora" ou apenas "bó", que significa "vamos" (acompanhe a evolução: originalmente "vamos em boa hora" - "Vamos embora" - "Vumbora" - "'Bora" - "Bó") e também pode ser dito em forma repetitiva-poética como "borimbora" ("Vumbora embora") . Os exemplos abaixo só corroboram que existe uma capacidade inata no baiano em poupar energia. O caso clássico consiste na evolução do "Vossa Mercê" em "Vosmissê", após no já comum "Você", então no atualmente utilizado "Cê" e já foram encontrados casos de comunicação natural através do "Rummm" (som de grunido).
Algumas frases cotidianas
"E aí sacana?!" - Olá amigo.
"E aí carniça?!" - Olá amigo.
"Colé, meu bródi!" - Olá, amigo.
"Colé, miserê!" - Olá, amigo.
"Colé, meu peixe" - Olá, amigo.
"Colé, men!" - Olá, amigo.
"Diga aê, disgraça!" - Olá, amigo.
"Digái, negão!" - Olá, amigo. (independente da cor do amigo)
"E aí, viado!" - Olá, amigo. (independente da opção sexual do amigo)
"E ae, meu rei!?" - Olá amigo.
"Ô, véi!" - Olá amigo.
"Diga, mô pai!" - Oi para você também, amigo!
"E ai, miserê!" - Olá, amigo!
"ÊA!" - Olá, amigo.
"Colé de merma?" - Como vai você?
"É niuma, miserê" - Sem problemas, amigo.
"Relaxe mô fiu" - Sem problemas, amigo.
"Beléssa negáun" - Sem problemas, amigo.
"Cê tá ligado qui cê é minha corrente, né vei?" - Você sabe que é meu bom amigo, não é?
"Bó pu regui, negão?" - Vamos para a festa, amigo?
"Aí cê me quebra, né bacana" - Aí você me prejudica. Não é, amigo?
"Aooonde!" - De modo nenhum!
" Coleh, minha força?? ! - Como vai, amigo?
"Quem é doido?" - De modo nenhum!
"Aquele viado vive filando aula" - Aquele menino vive cabulando/faltanto a aula
"Vô ali ni umaz i ôta martigá um negocíum" - Vou na residência de uma mulher, em visita de caráter libidinoso.
"Vô quexá aquela pirigueti" - Vou paquerar aquela garota.
"Vô dirrubá aquela piveta" - Vou paquerar aquela garota.
"Vô cumê água" - Vou beber (álcool).
"Colé de merma ?" - O que é que você quer mesmo? (Caso notável de compactação!)
"Eu tô ligado que cê tá ligado na de colé de merma" - Estou ciente do seu conhecimento a respeito do assunto.
"Aquele bicho tira uma onda da porra". - Aquele sujeito é um fanfarrão.
"Tá me tirando de otário é?" - Está me fazendo de bobo?
"Tá me comediando é?" - Está me fazendo de bobo?
"Tá me tirando de mueda de 10 centavos?" - Está me fazendo de bobo?
"Se plante!" - Chamada ao combate físico
"Vô meté mão" - Avisando que vai bater
"Se bote ae, vá!" - Chamada ao combate físico
"Eu me saí logo" - Eu evitei a situação.
"Brocar" - Se sair bem em algo, realizar algo com sucesso.
"Shhh...Ai, mainhaaa" - Até hoje não se sabe a tradução. Sabe-se apenas que nas músicas de pagode, o vocalista está excitado com sua respectiva amante.
"Oxe!" - Todo baiano usa essa expressão para tudo, mas um forasteiro nunca acerta quando usa.
"Lá ele!" - Eu não, sai fora, ou qualquer outra situação da qual a pessoa queira se livrar.
"Lasquei em banda!" - meteu sem dó nem pena.
"Biriba nela mô pai" - Manda ver! (no sentido sexual da coisa)
"Ó paí ó" - Olhe para aí, olhe! - Essa espressão foi utilizada pela primeira vez pelo capitão português Manoel da Padaria a frente da Nau Bolseta, que por infortúnio (leia-se burrice) perdeu-se da frota portuguesa no caminho para as índias e veio parar na Bahia. Desde então foi resgatada pelo povo baiano, assíduo leitor de Camões, já que trata-se de um texto apócrifo d'Os Lusíadas, que nem os portugueses sabiam (Nenhum jamais concluiu a leitura do clássico). É muito usada por aqui, tanto que virou filme, peça teatral, música, marca de refrigerante, água de coco, barzinho, cerveja, igreja...
"Num tô comeno reggae!" - Não estar acreditando ou dando muita importância.
"Num tô comeno reggae de (fulano)!" - Não estar com medo de provocação/ameaça de (fulano)
"Me faça uma garapa!" - Me poupe
"É o que rapaz?? " - Expressa surpresa, indignação
"Cê sabi que eu num como esse agá" - Não estar acreditando ou dando muita importância.
"Tome na sequencia misêre" - Tomar o troco de algo ruim que você fez
"Vou abrir meu gás" - Vou embora
"Eu quero prova e R$ 1,00 de Big-Big!" - O mesmo que a expressão acima. O "Big-Big" é um chiclete muito valorizado por pessoas de todas as classes.
" O reggae foi massa!" - A festa foi boa
" Cê é abestalhado é, vey? " Você é bobo é, rapaz?
"Namoral, vey...se saia aew" - Sai daqui, agora
"Uisminoufai!" - Bebiba mais conhecida como "Sminorff Ice". Também é uma música do grupo de pagode (desta mesma terra) chamado "Pagod'art".
"Deixe de onda, vey!! " - Deixe de frescura
"Deixe de viadagi"- Deixe de frescura
"Mininu, num bata nos filhu duzôto" - Filho, não bata no filho dos outros
" Vou ali armar um esquema" - Ir paquerar, ou fazer algo que não se possa comentar
"Sai do chão!" - Frase típica e predileta das bandas de axé. O intuito da mesma é de que indivíduo se agite e curta o som tocado em questão.
"Rumaláporra!" - Agir violentamente contra alguém ou algo.
"Porra!" - expressão de surpresa
"Pooorra!" - expressão de admiração
"Porra!" - expressão de raiva
"Porra!" - expressão de alegria
OBS - Existem mais de 5000 diferentes usos para o verbete "porra" em Salvador incluindo nestes o uso do "porra" como uma vírgula, no caso da frase: "... mas porra tava dificil cuma porra".
"Vey!" - usado para chamar a atençao da pessoa com quem está falando.
"Veey" - aviso para alguém ter cuidado com algo.
"Veeey!" - expressa de discordância.
"Veeeey!" - expressão de surpresa.
"Veeeeeey" - expressão de facinio.
OBS - Existem mais de 10000000 diferentes usos para o verbete "vey" em Salvador.
"Vou pica-le a misera" - Agir violentamente contra alguém ou algo.
"Picá a porra!" - Agir violentamente contra alguém ou algo.
"Rumaládisgraça" - Agir violentamente contra alguém ou algo.
"ei, ó o auê aí ô" - tida como unica frase universal a utilizar apenas vogais e ter sentido completo, significa 'parem de baderna.'
"Bó batê o baba" - Chamar os amigos para uma partida de futebol - O "Baba" subentendido é um esporte similar ao futebol,com algumas diferenças: a bola por exemplo pode ser qualquer tipo de material esférico, que vai desde cocos(fruta tipica) até tua mãe. O lugar onde irá acontecer o baba preferêncialmente tem que ser uma área retangular-plana, mas como isso é raro em Salvador(a não ser nos prédios da Pituba) qualquer lugar serve!
"Bó pro reggae" - Chamar os amigos para a balada
Salvador é também conhecida por ser uma cidade cujo dialeto deu um LAR aos mais diversos impropérios do cancioneiro popular local, possivelmente você um dia já foi convidado a visitar "A casa da porra", "a casa do caralho", "a casa da desgraça"!
Lá também existe a "Casa de Noca" que ninguém sabe onde fica, mas sabe-se que lá sempre o "couro come".
"Peguei uma Ponga" - Pegar carona, embarcar na idéia de alguém, pegar ônibus ou trem em movimento
"Hoje eu to na bruxa" - Hoje eu to muito loco
"Num sei que, parará, caixa de fósforo" - Quando se quer dizer etc. Ex.: "Aquele fila da puta do Janescro, disse que fez, aconteceu, num sei que, parará e caixa de fósforo com Edilene."
" Ô injura, vá ali no Bompreço" - Por favor filhinho, você pode ir no mercado?
"Fulano é um Zé ruela" - O cara é um babaca
"Deixe de chibiatagem" - Pare com essas atitudes frescas
"Tomo o Bob Nelson" - Ato de ser traído, trocado por outra pessoa com interesses sexuais
"Na mão grande" - Algo feito com poucos recursos, na marra
"Feito a culhão" - Algo feito com poucos recursos, na marra
"Recebi Foi a Galinha Pulando" - Problema ou situação inesperado de alto grau
"Rapaz, nem fudeno" - Não farei algo ou irei para lugar algum
"Quem vai é o cuêio" - Espressão para "Quem vai e o coelho"
"Cê vai cai no pau mermão!!" - Você vai apanhar cara!
"Bó vazá véi" - Vamos embora
"Deu um pé de pica da porra!" - Deu uma grande confusão
"Me tire de pobrema, vu!" - Não me envolva nisso!
"Parta a mil, parta vuado!" - Expressão que denuncia situação periculosa e inesperada.
"Vou chamar minha barrera" - Vou chamar meus amigos.
"Vô pegá a pista" - Estou indo embora.
"Vô pegá a BR" - Estou indo embora.
"Que porra é essa?" - O que é isso?
"Porra ninhuma" - Expressa dúvida sobre determinado assunto.
"Sai daí Fulera(o)" - Você esta errada amiga!
"Sei lá de quê" - Complementação de um caso
"Sai de bolo que você não é fermento" - Não se envolva porque você não tem nada a ver com isso.
"Dei o zignau" - Faltei a um compromisso ou contornei uma situação desagradável.
" Toma essa sopa de garfo" - problema inesperado
"Dei um ninja" - Escapei de um compromisso ou algo desagradável.
"Joguei" - Desferi um soco.
"Si jógui" - Enfrentar alguem.
"Vista sua roupa de macaco e dê seus pulo" - O problema é seu.
"Pô véi, tô in aguas!" - Poxa amigo, estou alcoolizado!
"Rapaiz!!!" - Que legal!!!
"Rapaiz!!!" - Será?
"Rapaiz!!!" - Entenda!!!
"Rapaiz!!!" - Não sei não...
"Rapaiz" - Pode ser usado como ameaça.
OBS - Existem mais de 10000 diferentes usos para o verbete "Rapaiz" em Salvador.
"Vou batê um banho" - Vou tomar banho.
"Essa bóia tá gostosa pra daná" - Esta comida está deliciosa.
"Tô tranpanu como quê" - Estou trabalhando muito.
"De oooooooooouji!" - Expressão dita estalando os dedos e balançando a mão, referindo-se a algo acontecido há muito tempo.
"Viu sacana? u-um!" - Expressão usada para afirmar quando algum indivíduo faz alguma ação infeliz, ou sofre algum impecílio (Equivalente ao "Aí ó!Se fudeu").
"Vo mi imbora pa Sum Paulo" - Futuro frequentador do Patativa e do " Shoppis " Interlagos ou Intercoco!!
"Fui Mandar o Telegrama" - Fui Defecar
"Bó Pu Xopis?" - vamos ao shopping
"Bó Pu Iguat (ou Iguatz) " - vamos ao Iguatemi (shopping)
"Bó Pu Ssa" - vamos ao Salvador Shopping
"Simbó cumpadi" - vamos
"Ô minha cumadi?" - que negocio é esse?
"Ói" - OLHE
"Fui comprar uns bagulho ai" - fui comprar umas coisas
"Colé baêa?" - iai amigo (independente do time ou as vezas colé vitoria mais baêa é o tradicional)
"Diga ai mãe" - e ai amiga
"Pô pai" - pô cara,amigo...
"Feche sua cara" - não se exiba
"Feche sua cara" - me respeite
"Se respeite" - Me respeite
"Vai descer hoje?" - Vai a tal lugar hoje?
"E ai piri?" - Oi amiga!
"De boa!" - Ok, tudo certo.