quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Parte de mim

Parte de mim

Sou teu lado
Teu vazio
As horas severas
Em que passas arredio
Distante
Já pequeno, ao longe
Em sandálias de retirante
Vizinho da implacável sede
Que de ti não se compadece

Sou teu mapa
O riso rouco
E apertado depois de um tapa
Tua mão espalmada
Impressa em vergões
Aqui jaz estampada
Arroxeada
Ardida
Num castigo que nem sei se mereci

Mereci!
Como mereço o que me trazem os dias
Um após o outro
Nos falsos limites
Da idiossincrasia
Em que te entrego
De mão beijada a outra face
Outro tapa!

Não lamento
Não choro
Nem me escondo
Não tenho medo
Se de mim desabrocha um monstro
Que ama
E odeia
Que me aprisiona
E quer me consumir

Ah! Triste parte de mim
Que fim!
Se podes perscrutar minha vida
Saberás que do mal que faço
Já nasci arrependida
Fui-me mais de uma vez
E não tolero outro retorno
Não quero

Me deixa!

Anto

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